domingo, 24 de junho de 2012

Coluna do Elio Gaspari - O Globo 24/06/2012

O triste retrato do Colégio Pedro II


Os mestres do Colégio Pedro II, joia da coroa do ensino público desde o tempo do imperador, aderiram à greve dos professores federais. Tornaram-se um exemplo do que o comissariado faz com sua rede de ensino.

Expandiram a estrutura do colégio, que hoje reúne 14 unidades. A de Realengo foi inaugurada por Lula em 2007 e reinaugurada em maio passado pelo comissário Aloizio Mercadante. O quadro docente da franquia Pedro II tem 1.179 professores. Deles, 251 são contratados temporários, boias-frias do magistério público. Se um mestre avulso vai-se embora, uma turma pode ficar sem professor de Matemática por meses. Faltam inspetores, técnicos e vigias. Depois da greve de 52 dias do ano passado, o governo prometeu um plano de carreira. Até hoje, nada.

A percentagem de temporários oscila entre 10% (Humaitá I) e 37,5% (Realengo I). Na unidade de educação infantil de Realengo I, só dois dos 14 professores são efetivos. De 17 contratados, sete foram embora. Parte do mobiliário ainda não chegou. A sala de informática tem 18 laptops sem mouse nem Internet.

Governo marqueteiro faz política de educação inaugurando e reinaugurando escolas, contratando obras, encomendando equipamentos que não chegam e prometendo 600 mil tablets inúteis. Professor, que é bom, nada.

Graças à Internet, professores de Stanford e do MIT dão cursos sem escolas. O comissariado tenta inventar escolas sem professores.

Nenhum comentário:

Postar um comentário