segunda-feira, 19 de maio de 2014

Marcha dos Servidores em Brasília cobra negociação


Marcha dos Servidores Públicos Federais em Brasilia (07.05.14).
Foto: Monalisa Resende.
Marcha a Brasília cobra negociação e mostra que pressão sobre o governo pode crescer
Ato faz secretários do Planejamento e do MEC receber servidores e pedir 15 dias para ver o que pode ser ampliado na pequena 'margem de negociação'
A campanha salarial conjunta dos servidores públicos federais fez a mais forte e expressiva manifestação do ano, no dia 7 de maio, e deixou em Brasília (DF) sinais de que o movimento pode crescer e aumentar a pressão sobre a presidente Dilma Rousseff (PT), que se recusa a negociar com a categoria. 
Liderada pelos dois setores que já estão em greve nacional – os técnico-administrativos das universidades e servidores das escolas federais –, o protesto começou nas primeiras horas da manhã, com o 'trancamento' de todas as sete entradas do bloco c do Ministério do Planejamento.  
O ato levou o secretário de Relações do Trabalho da pasta, Sérgio Mendonça, e o secretário de Educação Superior do MEC, Paulo Speller, a receber uma comissão formada pelas entidades sindicais nacionais dos setores paralisados – Fasubra e Sinasefe.  
Mais do que isso, levou os representantes do governo a pedir 15 dias para que pudessem conversar com os ministros sobre possíveis margens de negociação com os dois segmentos. Disseram que a margem que possuíam com relação a negociar qualquer coisa era 'mínima', mas que veriam o que pode ser ampliado. Na véspera, durante a Marcha da Educação, o ministro Henrique Paim se recusou a receber os servidores. 
Resposta oficial à pauta 
O resultado da negociação não chega a ser propriamente um avanço, mas destoa da recente resposta oficial à pauta geral do funcionalismo. Por meio de ofício, o governo respondeu que não concederá nada aos servidores federais antes de 2016 – no segundo ano, portanto, após o encerramento desta gestão.  
A resposta vai além e, embora fale em 'diálogo', descarta qualquer negociação sobre outros temas, como itens não cumpridos de acordos assinados, benefícios sociais ou a paridade salarial para os aposentados. Sobre o não reconhecimento da data-base e a fixação de uma política de reposição das perdas da inflação, o governo alega que ambas dependem da "consolidação do marco regulatório do sistema de negociação permanente". Isto é, estão submetidas à negociação coletiva, tema que o Planalto se nega a debater com os servidores e sobre o qual condiciona eventuais avanços à aprovação de projeto que restrinja o direito de greve. 
Após a reunião no Planejamento, os trabalhadores saíram em passeata pela Esplanada dos Ministérios. As avaliações são de que a marcha reuniu perto de quatro mil servidores – a quem fale em cinco mil –, a maioria da educação, mas com representações de muitos outros setores. Nitidamente superior aos dois atos nacionais anteriores e conjuntos em Brasília, o resultado da manifestação pode dar mais gás à greve nas universidades e escolas federais e impulsionar outros setores.  
A 'margem de negociação', avaliaram os servidores, dependerá da pressão e da força da greve. Foi com um movimento paredista unificado que o funcionalismo, em 2012, obrigou o governo a negociar, ceder parcialmente e conceder os 15,8% parcelados em três vezes – percentual baixo, sem dúvida. Mas bem acima do 'reajuste zero' que Dilma tentava impor à época.

Nenhum comentário:

Postar um comentário